Mãe Divina

Há momentos em que sentimos que nossa vida não é o que esperávamos. É como se o mundo não atendesse às nossas necessidades mais profundas, ou talvez não conseguimos usar nossas capacidades e talentos como gostaríamos. Isso pode ser frustrante, especialmente quando ocorre por um longo período de tempo. Frequentemente, essa pode ser a causa de depressão, falta de amor-próprio e até doenças mais graves.

Podemos pensar que isso faz parte da vida e aceitar que a maioria das pessoas sofre de uma forma ou outra. Perdas econômicas, guerras ou restrições de movimento estão atualmente desencadeando isso coletivamente. É difícil falar de conforto interior com quem não tem um pedaço de pão. É nesses momentos que mais precisamos de paz, amor e aceitação. Não há maneira fácil de apresentar Deus como Mãe, porque palavras não podem transmitir seu afeto e compaixão, nem suas tentativas de resguardar seus filhos do sofrimento.

A Mãe conhece as causas dos acontecimentos – as raízes invisíveis das situações – e por isso nossos fracassos ou fraquezas não afetam sua visão, mas são vistos como temporários e perfeitamente conquistáveis. Seu papel é dar apoio incondicional e ajudar em nossa cura e transformação.

Talvez seja por isso que na Índia o sagrado feminino seja mostrado na forma simbólica de poderes – como Shaktis. Deus como Mãe nos fortalece com sua presença. Existem vários arquétipos de deusas que de fato personificam realizações espirituais que podem ser recebidas por meio do encontro com o Divino na meditação.

Sabendo quem somos e como nos sentimos, Deus nunca subestima nossa capacidade de superar obstáculos e progredir. Como Mãe Divina, Ela cuida de nossas necessidades internas por meio de vibrações de amor e suporte, assegurando-se de que sabemos como acessar seu poder e resolver nossas questões para que o resto possa fluir.

Quando penso nas muitas experiências de Deus como meus pais, lembro-me de uma época em que fui amorosamente conduzida durante uma situação muito difícil. A face materna se manifestou claramente durante todo aquele período, e embora não fosse física, a intensa empatia que recebi era quase tangível, e nenhuma palavra poderia expressar melhor esses sentimentos. Essa experiência formou um vínculo inquebrável entre mãe e filha. E foi também uma lição importante na minha própria compreensão do papel de Deus, porque a compaixão foi sentida depois de um período muito intenso em que a Mãe tentava resguardar a filha do sofrimento. A partir de então, aprendi a aceitar o fato de que, embora Deus seja ilimitado em muitos aspectos, as leis naturais governam as cenas aqui neste mundo.

A Mãe não suporta ver as fraquezas daqueles que ama. Essa é a pureza de seu coração. Vendo nossa situação atual, seu desejo é que seus filhos não dispersem suas energias em obstáculos ou circunstâncias desnecessárias, mas aprendam a tornar seu presente e futuro elevados.

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